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29 de dezembro de 2014

CERVEJA: ESPECIAL ou ARTESANAL ?

CERVEJA: ESPECIAL ou ARTESANAL ? A OPINIÃO DOS CERVEJANTES


Alguns temas que envolve o mundo cervejeiro e principalmente o mundo de nos cervejantes, não é de fácil consenso entre os membros, principalmente quando se trata do tipo ou estilo de cerveja a ser produzida nos nossos encontros. Mas não é o caso do tema desse post, e por isso decidimos compartilhar a nossa opinião, buscando saber qual a sua opinião amigo cervejante, e também como forma de reafirmar nosso compromisso com a difusão de uma boa e correta informação cervejante, tanto de produção de cerveja quanto do conhecimento do mundo cervejeiro. 

Se você chegou até esse post, já deve estar consciente da (enorme) diferença entre cervejas produzidas em larga escalar, para atender todo território nacional, como SKOL, BRAHMA, ETC... e cerveja especiais, produzidas em escala menor, (quando comparadas as primeiras), que atendem o consumo de uma determinada região do pais, principalmente os grandes centros. Portanto, neste post não iremos tratar da diferença entre as cervejas de grande produção (e baixo valor - em todos os sentidos -), e outras cervejas. Iremos sim, emitir nossa opinião sobre um ramo que nos últimos anos cresceu de forma importante no Brasil, tanto em qualidade, como em quantidade.

Se você é cervejante novato já deve ter feito alguma dessas perguntas: "Por que pagar R$ 20,00 ou R$ 30,00 reais em uma garrafa de cerveja especial, enquanto uma garrafa de uma grande marca custa R$ 3,00?" Mas se você é cervejante, terá sua resposta no primeiro gole dessa cerveja especial. E outra dúvida comum: "Se eu produzir minha cerveja, ela sera caseira, artesanal ou especial?". Esse dúvida nós cervejantes queríamos discutir um pouco.

É claro que uma cerveja produzida por você mesmo será especial, terá sua importância sentimental, e muitas vezes consistira em uma receita de um tipo de cerveja que não se encontra em grandes marcas. Então, enquanto sua produção for para consumo próprio, sua cerveja será SIM, uma cerveja especial - PARA VOCÊ -. Mas caso você se aventure em uma produção comercial, sua receita de cerveja será especial, se obedecer critério que avaliem ela como tal. Mas que critérios são esses? São preceitos que garantem a qualidade, a honestidade e a segurança alimentar da matéria prima utilizada e o processo de produção utilizado. Pois para nós cervejantes, os fatores que diferenciam as classes de cervejas são esses: matéria prima e modo de produção. Muito mais do que a quantidade de cerveja produzida, ou sua abrangência no mercado, ou mesmo o poder atrativo do marketing, o que torna uma cerveja especial, artesanal, ou caseira, são esses fatores.

A Reinheitsgebot (português: Lei da Pureza da Cerveja) foi uma lei promulgada pelo duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de Abril de 1516. Veja o texto da lei - aqui -.A lei da pureza da cerveja instituiu que a cerveja deveria ser fabricada apenas com os seguintes ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo. A levedura de cerveja não era conhecida. Na época, para tentar aumentar a produção, com baixos custos, alguns cervejeiros desonestos da Baviera, incluíam ingredientes diferentes, como cereais não maltados e até coisas "bizarras" na cerveja, como fuligem e cal, o que, provavelmente, prejudicava a segurança alimentar de quem consumia, além de prejudicar a competitividade com os cervejeiros honestos, e o recolhimento de impostos. Essa lei constitui um dos mais antigos decretos alimentares da Europa, que depois de varias regulamentações sobre o tema, na Europa, como em outros principais centros cervejeiros do mundo, se admite a inclusão de outros ingredientes na receita, (em determinadas proporções), e ainda sim o produto final - POR LEI - recebe o nome de cerveja. 

Mas ainda hoje, muitas cervejarias ainda seguem à risca a Reinheitsgebot, principalmente as alemãs e belgas, o que explica a excelência na qualidade das cervejas produzidas nesses países. No Brasil, várias cervejarias artesanais também compartilham do mesmo ideal da LEI DA PUREZA DA CERVEJA, como a Eisenbahn e a Falke, produzindo cervejas de qualidade. Resumindo, cerveja especial precisa de ingredientes de qualidade e métodos adequados de produção. Enquanto uma cerveja normal é um produto resultante apenas do seguimento (e as vezes nem isso) do que diz a lei, de cada pais, para o que se pode chamar de cerveja. 

E agora, toda cerveja especial é artesanal? A opinião dos cervejantes é NÃO!!!

Desculpe alguns que ganha dinheiro em cima do nome cerveja artesanal, (boas cervejas, de qualidade mesmo), sei que vocês tem um negocio lucrativo e de alto valores, e que atrelar seu negocio a marca cerveja artesanal é importante economicamente. Mas, ser artesanal, seja qual produto for, esta ligado a praticas de produção muito bem definidas, aliás, muito bem definidas HISTORICAMENTE. Não há dúvida de do que é artesanal e do que é industrializado. Mesmo que alguém queira se apropriar de um desses nomes por dinheiro e marketing, não se pode esconder que um produção mecanizada e industrializada, e muitas vezes autotomizada, não pode ser definida, de maneira alguma, como artesanal. Não importa se a produção quando comparada a industrias como Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e HEINEKEN Brasil, (que respondem por cerca de 96% do mercado), são muito menores. O que importa é que ao empregarem métodos industriais ou mecanizados (automatizados ou não), a produção deixa de ser definida como artesanal, e passa a ser industrial, repetido, mesmo em baixos volumes de produção.

Cervejas mais honestas como a mineira Wäls, (da empresa Tropical Juice Comércio e Indústria de Bebidas Ltda), e também cervejaria Baden Baden Campos do Jordão-Sp, e Colorado, de Ribeirão Preto-SP, junto com a Bierland de Blumenal-SC, que de um inicio artesanal, logo alcançaram um produção industrial, fruto de trabalho duro e qualidade; e não se aproveitam do nome artesanal, (apesar de alguns consumidores insistirem em rotular assim).

Mas há algumas cervejarias, que carregam e se utilizam economicamente do rótulo de artesanal, e que, na opinião dos cervejantes, não necessitaria de tal procedimento, primeiro que tal informação não condiz com com os métodos de produção empregados trazendo ao consumidor uma falsa informação. Segundo é o mais importante: A ROTULAGEM DO PRODUTO COMO CERVEJA ARTESANAL, NÃO IMPLICA EM UMA QUALIDADE SUPERIOR. Logo, em nossa opinião, cervejarias como a Rofer, a Zehn Bier, não necessitam utilizar da marca cerveja artesanal para vender seus produtos, pois reúnem qualidades suficientes pra trazer aos seus consumidores todas as informações corretas sobre seus produtos. 

É claro, que em pleno século 21, o acesso a tecnologias, a maquinários, a informações e meios de produção é mais fácil e barato, (barato em termo de Brasil, não é tão barato assim não é mesmo?), fazendo com que a mecanização e industrialização, torne o produto mais barato e competitivo, em um mercado cervejeiro tão complexo e disputado como o brasileiro, (que apesar do aumento da importância de cervejas especiais, o fator preço ainda é muito determinante no consumo).

Mas qual o limite entre artesanal e industrial?

Está na definição das palavras, e no seu uso, está no objetivo da empresa ao produzir a cerveja, esta no modo como ela quer chegar no mercado e se mantém nele. Assim, como artesão da cidade mineira de Maria da Fé, (Gente de Fibra), ao produzirem lindos objetos de decoração feitos a partir de fibra de bananeira,  vendidos e exportados para varias cidades, seus produtos: luminárias, pratos decorados, castiças entre outras obras, não são invenções novas, descobertas única, mas carregam em sim, talvez algo ainda mais importante que a honraria da criação, esses objetos, possuem alma, possuem uma característica única que os ligam a uma região, ao um povo e a uma cultura, e isso os torna uma obra de arte. E mesmo seus artesões utilizado algumas maquinas e ferramentas, sua produção é estritamente artesanal, feito a mão. 

Tal analogia deve ser transferida para uma cervejaria. Pois aquela que queria ser artesanal, deve conservar em seu meio de produção características que permitam o contato do homem com o que esta sendo produzido, que permita a transferência de características únicas do local, da comunidade, para a cerveja final. A cerveja artesanal, não pode e não deve, ser um resultado final de um processo mecânico, frio e sem proposito, a não ser o lucro, ao contrario, mesmo preservando o comercio e a sobrevivência empresarial, deve aliar a alma e tradição de quem a produziu com a alma e tradição da cerveja, para que possa nascer uma cerveja artesanal que faça diferença, que seja um produto único em sua essência, (sim, cerveja artesanal deve dar lucro!!). 

Produzido de forma artesanal a cerveja será artesanal. Sem desmerecer as qualidades e características intrínsecas a nenhum método de produção. 

Voltado a informar que esse é a opinião dos @CERVEJANTE, grupo de amigos unidos por uma informação de qualidade sobre produção de cerveja -sem fins lucrativos-.

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